agosto 21, 2007

“Sou inconsequente em tudo”



Iniciou-se na escrita em 1990 com o romance “O Nó na Garganta”. Inaugurou um novo estilo literário, dedicado às pequenas coisas que perfazem o mundo do quotidiano. Sensível, intimista, geracional, estrondosa no número de livros vendidos, quase tão imenso como a inusitada avalancha de seguidores. Mordaz, cativante, diferente, Rita Ferro apresenta-se em “O Sexo na Desportiva”, mutável como as suas palavras, ousada, natural como a vida que absorve “com intensidade absoluta”.

Por,
Pedro Cativelos
Fotos,
Patrícia B. Moreira


Com o livro nas mãos, como se sente ao olhar para ele?
Estou cada vez menos entusiasta na recepção de um livro. Já não sinto aquele sobressalto das primeiras obras…

Um novo estilo na sua escrita, agora mais condimentado…
É a primeira vez que escrevo sobre coisas mais picantes, misturando uma série de crónicas que fiz para a “A Bola” e para o “Correio da Manhã”. Tive algum pudor, confesso, mas são apenas histórias malandrecas e sempre redimidas pelo humor.

Onde se foi inspirar para “penetrar” neste universo do desporto e do erotismo?
Baseei-me num livro de desporto que tenho aqui e que fantasiava sobre isso, resultando daí diversas histórias de aproximação entre pessoas.

É uma mulher inconstante?
Vivo com uma intensidade absoluta, mas… normalmente nada é tão interessante quanto o imagino previamente, farto-me das pessoas, dos amigos, de mim própria, por vezes…

E da escrita, ainda não se fartou?
Sou inconsequente em tudo, mas não no sentido renunciante... Mudo a página! Na escrita, sei que não morria se não escrevesse, mas gosto de o fazer!

Criou um estilo, ou simplesmente o inaugurou entre nós?
Tenho a noção que não faço grande literatura. Mas sei que fui a primeira a trazer para Portugal um certo tipo de escrita que até aquele momento não existia no nosso país.

Mas mudou a face da literatura portuguesa. Para melhor, ou pior?
Isso trouxe consequências, e muitas, é verdade! Algumas boas, outras nem tanto…

Maio, 2007

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